Atlas Copco Rental
Informação profissional para a indústria metalomecânica portuguesa

“O investimento em máquinas-ferramenta modernas e em células automáticas aumenta a competitividade e oferece flexibilidade para conquistar novos mercados”

Entrevista com Vitor Fragoso, diretor-geral da Deibar

03/11/2025

Com mais de 25 anos de atividade, a Deibar é uma referência nacional na distribuição de máquinas-ferramenta de alta precisão, onde se incluem marcas de topo como Hermle, Roeders, Hyundai-WIA, Correa e Sodick. Em entrevista, o diretor-geral Vitor Fragoso destaca a importância da automação, da inteligência artificial e das soluções de fabrico híbridas para aumentar a produtividade, responder à escassez de mão de obra e reforçar a eficiência energética — pilares que, segundo o responsável, definem o futuro das fábricas inteligentes.

Vitor Fragoso, diretor-geral da Deibar

Vitor Fragoso, diretor-geral da Deibar.

A Deibar está no mercado das máquinas-ferramenta desde 1998. Como evoluíram estes equipamentos ao longo dos anos? Quais os principais saltos tecnológicos?

De facto, a Deibar tem mais de vinte e cinco anos de experiência na distribuição de máquinas-ferramenta no mercado português e acompanhou a sua extraordinária evolução ao longo dos anos. Uma evolução marcada por saltos significativos, que acompanharam o progresso dos tempos e que as tornaram mais rápidas, precisas e fiáveis face aos desafios da nossa época.

Desde o advento do CNC, na década de 1950, as máquinas-ferramenta sofreram grandes evoluções, que resultaram nas suas atuais aptidões e funcionalidades, bem como no aparecimento de novos tipos de máquinas, como, por exemplo, as máquinas multieixos. Destas, podemos destacar os tão conhecidos centros de fresagem a 5 eixos e as máquinas multitarefa, que permitem tanto a eventual fresagem como o torneamento. Estas máquinas permitem obter peças com geometrias complexas, reduzir os tempos gastos em preparação, eliminar erros e, claro, conseguir uma maior repetibilidade.

Esta evolução não teria sido possível se a mecânica não a acompanhasse. Através do recurso a outras soluções nas suas estruturas, deixamos de ter apenas fundição e passamos a ter soluções com estruturas em construção soldada e em mineralite. Por outro lado, os acionamentos evoluíram imenso (com o aparecimento dos fusos de esferas e a generalização das guias lineares, por exemplo), o que permitiu maiores velocidades dos eixos, e que, em conjunto com melhores árvores, com mais precisão e muito mais rotação, garante peças com maior precisão e ciclos de produção mais curtos. E, se nos quisermos alongar mais, poderíamos ainda abordar a introdução dos motores lineares!

E, atualmente, quais são as principais tendências nestas máquinas?

Hoje em dia, as principais tendências encontram-se sobretudo ao nível dos acessórios à volta das máquinas-ferramenta e não tanto na sua estrutura ou componentes mecânicos.

Na última década, a necessidade de uma maior produtividade, a manifesta falta de mão-de-obra qualificada e a busca da excelência, isto é, da repetibilidade das peças, motivaram a automação dos processos de produção, com integração de soluções com máquinas paletizadas, alimentadas por robôs, criando células automáticas com maior ou menor grau de autonomia, quer de produção, quer de capacidade de decisão face a eventuais imprevistos.

Mais recentemente, a Indústria 4.0 veio permitir a monitorização em tempo real dos processos, a gestão inteligente de ordens, a afinação inteligente das máquinas e o fabrico sem papel, entre outros, o que nos leva a caminho das fábricas inteligentes.

O aparecimento da IA tem permitido a otimização de processos e da manutenção preditiva baseada em dados, com recurso a diagnósticos.

Adicionalmente, o desafio da eficiência energética, aliado à necessidade de componentes de grande precisão e tecnicamente exigentes, em setores como o aeroespacial, o médico, o da defesa e o dos moldes, tem vindo a trazer uma maior atenção às máquinas de 5 eixos e multitarefa.

A integração de tecnologias aditivas e subtrativas, isto é, tecnologias híbridas, permite que um único equipamento possa produzir protótipos ou componentes finais complexos. Tal acontece através da deposição de material em camadas sucessivas e posterior subtração de zonas com exigências especificas, como, por exemplo, no acabamento de superfícies funcionais.

Quais são os vossos principais setores cliente?

O portefólio da Deibar inclui uma vasta gama de máquinas para fabrico de ferramentas, de moldes para injeção de plásticos, de componentes automóveis, de peças para o setor aeronáutico, médico, energético e metalomecânico geral. Para estas finalidades, saliento os centros de maquinagem Hermle e Roeders, os tornos Hyundai-WIA, as fresadoras Correa e as eletroerosões Sodick.

De que forma os centros de maquinagem e a automatização ajudam a mitigar ameaças como a crise no setor automóvel e as novas as taxas impostas pelos EUA?

Podemos dizer que máquinas modernas, em conjunto com a automatização, podem ajudar fortemente. Destaca-se a capacidade destas ajudarem na redução do custo por peça através da maior produtividade, visto que as células automáticas e a paletização permitem operar 24 horas, 7 dias por semana, com menos paragens e menos mão de obra. Além disso, com máquinas CNC e automação, as empresas ganham uma maior capacidade de captar novos clientes, já que passam a poder satisfazer mercados de maior valor acrescentado, como o médico e aeronáutico, quando a procura na indústria automóvel diminui.

Resumindo, podemos afirmar que o investimento em máquinas-ferramenta modernas e em células automáticas reduz a exposição a choques de procura, aumenta a competitividade e facilita a mudança da carteira de clientes.

Com máquinas CNC e automação, as empresas ganham uma maior capacidade de captar novos clientes, já que passam a poder satisfazer mercados de maior valor acrescentado

Que soluções oferecem as vossas representadas para colmatar a falta de mão de obra no setor?

A principal solução prática que marcas como a Hermle disponibilizam são os sistemas de automação com máquinas paletizadas alimentadas por robôs, reduzindo, assim, a necessidade de operadores.

Por outro lado, a disponibilização de interfaces mais intuitivas, como a Navigator GUI da Hermle, oferecida sem custo adicional para os clientes dos seus centros de fresagem, torna o controlo da máquina mais intuitivo e eficiente, o que permite reduzir a curva de aprendizagem e, claro, minimizar erros de operação.

A mesma filosofia tem levado marcas, como a Roeders, a incorporar nas suas máquinas processos completares como a retificação e medição, para evitar manipulações entre processos e permitir correções, garantindo assim uma precisão superior e maior rapidez.

De salientar ainda o incremento de soluções de assistência técnica remota e a intensificação da manutenção preditiva, dois fatores que ajudam a reduzir a dependência de técnicos locais e maximizam a disponibilidade dos equipamentos.

Em resumo, neste campo, a tendência vai no sentido de combinar hardware com software, como resposta prática, para que as máquinas produzam mais, com menos operários qualificados.

A eficiência energética é outra das preocupações do setor. Como respondem as representadas da Deibar a este desafio?

Os fabricantes trabalham em dois níveis: no projeto máquina-eficiente e na otimização por software. No primeiro caso, o recurso a Elementos Finitos permite o dimensionamento mais cuidado e feito à medida das necessidades, reduzindo elementos sobredimensionados e proporcionando, consequentemente, menor consumo de energia. Também a utilização de motores mais eficientes e a otimização de ciclos permitem uma redução dos tempos mortos. Por seu lado, a otimização por software maximiza o desempenho das máquinas e resulta na redução dos desperdícios de tempo e energia, através de módulos digitais e do ajuste inteligente dos parâmetros de funcionamento.

Funcionalidades como arranques parciais, modos de funcionamento ‘eco’ e otimização de percursos também contribuem para uma utilização mais eficiente dos recursos, garantindo tempos de ciclo mais curtos, menor consumo energético e maior sustentabilidade da produção. Tudo isto é conseguido, sem nunca comprometer a precisão e a fiabilidade do processo.

As vossas máquinas já incorporam ferramentas de IA nas soluções que oferecem?

As máquinas Hermle dispõem de módulos digitais que usam análises avançadas de diagnóstico da árvore e manutenção preditiva — funcionalidades que, em termos práticos, são baseadas em algoritmos de ‘machine-learning’ e ‘analytics’, isto é, algoritmos de otimização e previsão. A Hermle tem um portefólio de ‘digital modules’ para operação, produção e serviço que implementa estas capacidades.

Por seu lado, as máquinas da Sodick, quer as EDM de fio, quer as de penetração, incorporam sistemas que analisam em tempo real as condições de descarga elétrica e ajustam automaticamente parâmetros de faísca, tempo de pulso e avanço — otimizando a velocidade de erosão e o acabamento da superfície.

As tecnologias de fabrico aditivo também fazem parte do vosso portefólio?

No que toca à Hermle, a empresa desenvolveu o MPA (Metal Powder Application), um processo cinético para deposição de metal (cold-spray style) integrado, com capacidade de fresagem. Por outras palavras, trata-se de uma solução híbrida, de adição e subtração, pensada para peças com canais complexos e novas geometrias.

Já as soluções de fabrico aditivo da Sodick passam por máquinas híbridas da série OPM, que utilizam tecnologia de laser para fusão de pó metálico (Laser Powder Bed Fusion - PBF) e que integram a fresagem de alta velocidade para acabamento das peças. Além disso, temos também as máquinas da série LPM, focadas em alta performance e confiabilidade, que utilizam materiais metálicos e que apresentam um sistema de reciclagem de material (Material Recycling System - MRS), facilitando a troca de materiais durante o processo de impressão.

Entre os vossos setores cliente, além da indústria de moldes, há algum que se destaque pelo número crescente de encomendas?

Tendencialmente, os setores aeroespacial e médico mantêm o crescimento em pedidos de máquinas de precisão. O setor das energias renováveis também tem picos pontuais de procura para componentes específicos.

A Deibar vai estar na próxima Moldplas?

A Deibar tem um histórico de participação na Moldplas; no entanto, este ano não estará presente. A proximidade temporal da EMAF, realizada em maio passado, e também da Expometal, há cerca de um ano, levou-nos a optar por não participar nesta edição.

Para a dimensão do mercado nacional, consideramos que há um número excessivo de feiras num curto espaço de tempo, o que torna difícil justificar nova presença. Além disso, os custos e a logística associados à participação são significativos, sobretudo porque a Deibar habitualmente expõe vários equipamentos. Foi o caso da última EMAF, onde apresentámos diversas máquinas, entre as quais uma fresadora de ponte Correa, com 4 metros de curso longitudinal, e um centro de maquinação Hermle de 5 eixos, com capacidade para 1.500 kg.

REVISTAS

Walter Tools Ibérica, S.A.U.

Media Partners

NEWSLETTERS

  • Newsletter InterMetal

    27/10/2025

  • Newsletter InterMetal

    20/10/2025

Subscrever gratuitamente a Newsletter - Ver exemplo

Password

Marcar todos

Autorizo o envio de newsletters e informações de interempresas.net

Autorizo o envio de comunicações de terceiros via interempresas.net

Li e aceito as condições do Aviso legal e da Política de Proteção de Dados

Responsable: Interempresas Media, S.L.U. Finalidades: Assinatura da(s) nossa(s) newsletter(s). Gerenciamento de contas de usuários. Envio de e-mails relacionados a ele ou relacionados a interesses semelhantes ou associados.Conservação: durante o relacionamento com você, ou enquanto for necessário para realizar os propósitos especificados. Atribuição: Os dados podem ser transferidos para outras empresas do grupo por motivos de gestão interna. Derechos: Acceso, rectificación, oposición, supresión, portabilidad, limitación del tratatamiento y decisiones automatizadas: entre em contato com nosso DPO. Si considera que el tratamiento no se ajusta a la normativa vigente, puede presentar reclamación ante la AEPD. Mais informação: Política de Proteção de Dados

www.intermetal.pt

InterMETAL - Informação profissional para a indústria metalomecânica portuguesa

Estatuto Editorial