Informação profissional para a indústria metalomecânica portuguesa

Especialista... Tratamento térmico de metais

Alexandra Costa31/07/2025

Entre os principais desafios que o setor enfrenta destacam-se a questão energética e a aposta na inovação.

O setor dos tratamentos vive muito refém das respostas rápidas a preços tão baixos quanto possível e, por esse motivo, é vulnerável a questões relacionadas com a qualidade do que faz e com a importância que os tratamentos térmicos representam para o desempenho das peças e dos componentes produzidos.

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Quais são os dois principais desafios no tratamento térmico de metais?

O setor dos tratamentos térmicos nacional caracteriza-se por um conjunto de empresas que prestam serviços para as fundições e empresas da metalomecânica portuguesas e espanholas, bem como de um número ainda maior de unidades industriais que realizam tratamentos térmicos dentro das suas próprias instalações, inseridas como parte integrante das respetivas linhas de fabrico.

Os principais desafios que o setor enfrenta são a questão energética e a aposta na inovação. O primeiro prende-se com o facto de 30 a 40 % do custo do tratamento térmico corresponder ao valor pago pelo consumo energético, seja ele elétrico ou a gás. Esta atividade é intensiva no consumo de energia e sofre bastante com as pressões exercidas sobre o preço desta. Nem sempre consegue repercutir os aumentos para o valor cobrado pelo tratamento térmico, devido aos condicionalismos concorrenciais e às expectativas relativas ao preço dos componentes finais produzidos pelos diversos clientes do setor metalúrgico e metalomecânico, destinados ao mercado global. Nesse sentido, as empresas têm diminuído as suas margens de negócio e vindo a reduzir a rentabilidade, fruto também de um decréscimo da procura no setor dos moldes, o qual, felizmente, tem vindo a ser compensado pelo aumento de volumes nos segmentos da fundição, soldadura e maquinagem de aços de construção.

O segundo desafio prende-se com a necessidade de o setor enfrentar a revolução da indústria 5.0, adequando-se a questões como a descarbonização, a digitalização e a inteligência artificial, para o que necessitará de realizar investimentos em tecnologia e em recursos humanos, carecendo, para tal, de rentabilidade nos negócios e de vontade para se modernizar.

De que forma podem ser ultrapassados?

O setor dos tratamentos vive muito refém das respostas rápidas a preços tão baixos quanto possíveis e, por esse motivo, é vulnerável a questões relacionadas com a qualidade do que faz e a importância que os tratamentos térmicos representam para o desempenho das peças e dos componentes que são produzidos. Torna-se importante repensar os modelos de negócio, baseando-os em serviços prestados, no sentido de se obterem os melhores compromissos de performance a preços mais adequados, dado que o tratamento representa apenas uma pequena fração do custo final das peças. Pelo que diferenças de preço situadas nos 15-20 % podem ser consideradas desprezáveis face à importância do processamento térmico no proporcionar das propriedades desejadas, para além da mera constatação de uma dureza superficial conforme ou não. Neste contexto, faz sentido que as empresas não se diferenciem apenas pelo preço e pelo prazo, mas sim por um preço ajustado às mais-valias que o tratamento térmico acarreta.

Estes desafios prendem-se com uma oferta mais diversificada, que se diferencia pela oferta integral, pela qualidade, preço, entrega, apoio e confiança de que as peças estão ao nível do que de melhor se vai fazendo globalmente, uma vez que a maioria das empresas clientes que utilizam os tratamentos térmicos no processo produtivo das suas peças são exportadoras e, por isso, o estado da arte da performance dos componentes é global. As empresas nacionais competem com as congéneres num contexto concorrencial em que a durabilidade e desempenho dos componentes são confrontados com os demais mercados de fabrico de peças e componentes metálicos. Estas questões de qualidade, preço, serviço, performance e confiança têm de ser facilmente ajustáveis às variações de preço no custo dos serviços, por questões energéticas. Isto consegue-se com novas práticas de gestão dos recursos humanos atuais e por um diálogo mais fluido entre tratamentistas e clientes da indústria metalúrgica e metalomecânica.

O outro desafio relacionado com a inovação prende-se com a mudança do paradigma de viver a gerir a pressão do imediato e passar a incorporar novos recursos humanos, com liberdade para pensar e preparar novos modelos de inovação. Não descurando a possibilidade de também libertar os gestores do negócio e demais colaboradores das pressões das entregas em curto espaço de tempo e da complexidade em responder rapidamente a um grande leque de especificações e requisitos dos clientes, tornando-os capazes de colaborar com os novos recursos humanos disponíveis para otimizações, aumento da qualidade, aposta num marketing técnico e, sobretudo, para a inovação nas novas tendências da indústria 5.0, para as quais os empresários deverão estar também disponíveis para realizar novos investimentos que tragam maior eficiência, maior economia nos processos, maior resposta ao mercado, melhor domínio sobre os processos e operações, distinção junto dos concorrentes e, sobretudo, maior rentabilidade e sustentabilidade dos negócios, dotando-os de topo em termos internacionais e não apenas de bons ou razoáveis face à cultura nacional.

Quais as principais tendências que estão a ser adotadas pelo setor?

Tem havido alguma tendência no aumento da dimensão das peças, ou cargas em tratamento, causando algum desafio adicional sobre os processos de tratamento térmico, bem como sobre os meios produtivos existentes. Tem havido algum investimento por parte das empresas com maior visão e melhores meios de investimento na adequação dos parques de máquinas e dos softwares de gestão às tendências de tratamento térmico de peças e volumes com maior dimensão.

Ao nível dos recursos humanos, tem havido alguma renovação, na medida em que históricos do setor têm vindo a reformar-se nos últimos anos e as equipas têm vindo a renovar-se, existindo alguma dificuldade na contratação de recursos humanos qualificados, quer em termos de operações, quer mesmo em quadros de engenharia. O tratamento térmico é uma área do saber em que a qualificação vai muito além do simples carregamento do forno e do pressionar do botão de arranque dos equipamentos, existindo um sem-número de condicionalismos de ordem técnica, operatória e comercial específicos do setor que não se aprendem facilmente nas academias, nem nas empresas. É exigida uma boa qualificação teórica em materiais e um bom esclarecimento prático sobre as necessidades do cliente e as possibilidades de concretização no curto prazo, com um número limitado de meios disponíveis, de um alargado leque de procura, difícil de planear e sempre gerida numa filosofia de resposta imediata à solicitação do cliente.

Paulo Duarte

Consultor em Metalurgia e metalomecânica

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