A indústria metalomecânica portuguesa poderá beneficiar de forma expressiva da nova vaga de investimento das empresas suecas, que planeiam aumentar a sua presença no país ao longo de 2025. Segundo o mais recente inquérito ‘Business Climate Survey’, conduzido pela Business Sweden, pela Embaixada da Suécia e pela Câmara de Comércio Luso-Sueca, 51% das empresas suecas a operar em Portugal planeiam reforçar o investimento nos próximos 12 meses — um salto face aos 41% registados no ano anterior.
Este crescimento será particularmente vincado nas empresas que se instalaram no mercado português a partir de 2020, das quais 68% pretendem aumentar o investimento ainda este ano. A tendência é reforçada pelos dados do Banco de Portugal, que revelam que o stock de Investimento Direto Estrangeiro sueco atingiu 3,1 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre de 2025, com mais de 1,3 mil milhões investidos desde 2019.
A confiança das empresas é sustentada por uma visão otimista sobre a evolução da economia portuguesa: 73% das empresas suecas esperam crescer em 2025 e 76% registaram lucros em 2024.
Entre os projetos em curso com maior impacto potencial no setor metalomecânico destaca-se o investimento da Stegra, que pretende instalar em Sines uma unidade de produção de aço verde e hidrogénio, com um investimento previsto de até 2,7 mil milhões de euros e arranque de operações em 2030. Este projeto representa uma oportunidade estratégica para posicionar Portugal como polo de produção industrial sustentável na Península Ibérica.
Na área da metalurgia e mineração, a Boliden concluiu recentemente a aquisição da mina de Neves-Corvo, em Castro Verde — um ativo de grande relevância para o fornecimento de metais base, com impacto direto na cadeia de valor da transformação metálica.
Também no domínio das tecnologias industriais, a Corpower instalou em Viana do Castelo o primeiro sistema nacional de conversão de energia das ondas em eletricidade, reforçando a presença sueca em soluções de transição energética com integração em sistemas industriais.
No setor da Defesa, que tem ligações diretas à indústria metalomecânica através de componentes estruturais, aeroespaciais e sistemas de suporte, a Saab está a posicionar-se como fornecedora estratégica para a modernização das Forças Armadas portuguesas. A apresentação do caça Gripen E durante os AED Days em Oeiras demonstra a intenção sueca de participar em futuras parcerias industriais, potenciando a cooperação bilateral em engenharia avançada e fabrico de equipamentos de defesa.
A maioria das empresas suecas atualmente em operação em Portugal chegou após 2019 e atua em setores como automóvel, energético, saúde, segurança, bens de consumo e digitalização. Nomes como Volvo Car Portugal, Ericsson, Securitas, Essity e Diaverum têm vindo a consolidar a marca sueca no tecido económico nacional.
Para Elizabeth Eklund, Embaixadora da Suécia em Portugal, “o investimento sueco em Portugal está para continuar, alicerçado na confiança mútua e num ambiente económico favorável ao crescimento industrial”. A diplomata salienta ainda que “Portugal reúne condições únicas para atrair projetos industriais, combinando energias limpas, infraestrutura sólida, uma força de trabalho altamente qualificada e forte conectividade internacional”.
Já Jennifer Ekström, presidente da Câmara de Comércio Luso-Sueca, sublinha o papel diferenciador do país no contexto europeu: “Portugal destaca-se pelo capital humano qualificado, domínio do inglês, um ecossistema inovador dinâmico e incentivos públicos estratégicos para a indústria.”
Num momento em que a Europa acelera a reindustrialização e a transição energética, a aposta sueca no mercado português posiciona-se como uma oportunidade para o fortalecimento da base industrial nacional, em especial nos setores metalomecânicos de alto valor acrescentado e elevada intensidade tecnológica.
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