A maioria dos fabricantes de máquinas e equipamentos ainda não adotou a sustentabilidade como uma prioridade estratégica. O setor é diretamente responsável por 0,5% das emissões globais de gases com efeito de estufa, no entanto, o último relatório divulgado pela Crédito y Caución lembra-nos que a grande maioria das máquinas do mundo é feita de metais, cuja geração é responsável por 7% das emissões globais. Além disso, a maioria das máquinas necessita de energia para funcionar, muitas delas de forma intensiva.
Para reduzir a sua pegada de carbono ao longo de toda a sua cadeia de valor, o setor terá de aprofundar a economia circular de toda a cadeia, em linha com a abordagem ‘cradle-to-cradle’, segundo a qual as máquinas são concebidas para serem reparadas, reutilizadas e, em última análise, recicladas para a produção de novas máquinas sem necessidade de extrair novos minérios metálicos.
De acordo com o último relatório divulgado pela Crédito y Caución, o setor enfrentará três desafios urgentes em matéria de sustentabilidade nos próximos três anos. Em primeiro lugar, a escassez de mão de obra qualificada em muitas regiões do mundo para assegurar a transição para as energias limpas no setor. Em segundo lugar, a evolução dos custos de transição e a queda da rentabilidade num contexto de taxas de juro elevadas, que é identificada como um desafio pelos analistas na Bélgica, China, Coreia do Sul, Japão, Polónia, República Checa e Taiwan. Em terceiro lugar, o aprovisionamento energético, uma vez que a fiabilidade das energias renováveis e a capacidade das redes nacionais para fazer face ao aumento da procura de eletricidade é uma preocupação partilhada por grande parte da indústria. De facto, algumas grandes empresas de maquinaria estão a considerar a possibilidade de se tornarem empresas de energia, fornecendo uma gama diversificada de serviços.
A agenda da sustentabilidade apresenta oportunidades para o setor, tal como as máquinas de maior precisão, inteligentes e energeticamente eficientes. Os construtores de máquinas que mudam para a energia limpa podem beneficiar de novos mercados geográficos e setoriais e de um ativo de reputação que pode levar a novos investimentos e novos clientes. Espera-se que estes venham da Áustria ou da Suíça, que investem fortemente em I&D, o que pode constituir uma vantagem competitiva.
Especialmente na China, Hong Kong e Taiwan, o setor espera beneficiar da evolução da procura, expandindo-se para o fabrico de componentes para painéis solares, turbinas eólicas e outros sistemas de energia renovável. Em alguns mercados, o setor beneficiará de incentivos governamentais, tais como subsídios, subvenções ou isenções fiscais para as empresas que investem em energias limpas. Além disso, pode estabelecer parcerias com empresas de energia limpa, instituições de investigação e administrações para desenvolver e implementar conjuntamente soluções inovadoras.
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