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Entrevista a Carlos Teixeira, CEO da Cheto Coorporation

“Queremos ser reconhecidos como líderes tecnológicos no nosso setor”

Luísa Santos27/09/2021

No final de 2020, um estudo publicado por uma consultora norte americana identificava a Cheto Corporation como um dos principais players mundiais no mercado da furação profunda. Um feito, se considerarmos que se trata de uma empresa com pouco mais de 10 anos de atividade. Nesta entrevista, Carlos Teixeira, um dos fundadores e atual CEO da empresa, conta-nos os passos que deu para chegar até aqui e o que podemos esperar da empresa oliveirense para os próximos tempos.

Carlos Teixeira, fundador e atual CEO da Cheto
Carlos Teixeira, fundador e atual CEO da Cheto.

O que significa, para si, que a Cheto seja reconhecida como uma das principais empresas no mercado em que atua?

Ser reconhecido como uma das principais empresas no mercado é, para nós, um orgulho e demonstração da nossa dedicação e do nosso investimento neste projeto. Penso que o que resume a nossa posição no mercado, é o nosso comprometimento com os valores da empresa: a criação de valor acrescentado para os nossos clientes, através da utilização da tecnologia mais avançada e de uma performance que se destaca de todas as outras que existem no mercado.

Como foi o percurso da empresa até aqui? Identifica algum ponto de viragem decisivo para o vosso sucesso?

A empresa nasce em 2009, quando eu e o Eng. Sérgio André nos envolvemos num projeto de desenho integral para uma máquina-ferramenta (até 7 eixos) de processo, furação profunda e fresagem, com especial aplicação na indústria de moldes e setor de energia.

Desde então, a investigação e o desenvolvimento contínuo possibilitaram-nos oferecer ao mercado um produto versátil com elevado nível de precisão e fiabilidade. Este conceito permitiu que as máquinas Cheto se posicionassem rapidamente como uma marca de renome mundial. Com máquinas vendidas em quatro continentes, o nosso objetivo é continuar a melhorar e a inovar, oferecendo ao mercado um produto competitivo e altamente gerador de valor.

Se tiver de identificar um ponto de viragem, eu diria que o ano de 2015 foi decisivo. Foi nessa altura que decidimos alterar a estrutura acionista e isso foi determinante para chegarmos onde estamos hoje.

Entretanto, em dezembro de 2017, inauguramos as atuais instalações, com uma área muito superior às anteriores, o que nos permitiu otimizar o processo de assemblagem e nos tornou mais competitivos.

A Cheto destaca-se por oferecer máquinas-ferramentas horizontais, multifunções, com incorporação de furação profunda. Como surgiu este conceito? Podemos dizer que esse foi o vosso ‘ovo de colombo’?

A furação profunda é um processo crítico na produção de moldes para plástico e fundição injetada e isso deu-nos visão estratégica do modelo de máquinas que queríamos desenvolver. O desafio era criar uma máquina multifunções que permitisse, num só set-up, dar resposta a diferentes funções inerentes ao processo de furação profunda. Penso que fomos bem-sucedidos e encontramos forma de dar resposta a uma necessidade do mercado para a qual havia pouca resposta.

Há mais empresas no mundo a fazer o mesmo tipo de equipamento?

Sim. Existem algumas e as principais concorrentes estão sediadas em Itália, na Alemanha e nos EUA.

Qual é a vossa capacidade produtiva atual?

Nas nossas atuais instalações, temos capacidade para 25 máquinas de grande dimensão.

Têm planos para aumentar essa capacidade? Em Portugal ou também noutros países?

Sim, temos e existe uma aposta grande na estratégia que iremos seguir. Há uma noção clara de onde podemos chegar e, por isso, este ano decidimos adquirir um lote de mais cinco mil metros quadrados, que faz fronteira com este espaço, já a pensar numa eventual expansão a médio prazo. Esta decisão pretende proteger a necessidade futura. Estamos a prever um futuro próspero para a Cheto. Na verdade, já há sinais positivos e de retoma em alguns mercados.

A Cheto tem planos para ampliar as atuais instalações em cerca de cinco mil metros quadrados
A Cheto tem planos para ampliar as atuais instalações em cerca de cinco mil metros quadrados.

Os vossos equipamentos destinam-se, maioritariamente à indústria de moldes. Numa altura em que se fala tanto em produtividade neste setor, ter um equipamento que efetua várias operações num só set up oferece, com certeza, vantagem competitiva. Os fabricantes nacionais estão sensibilizados para este facto? Quantas máquinas têm instaladas em Portugal? Qual é o peso do mercado nacional na vossa faturação?

O mercado nacional representa 30% do nosso volume de faturação. Portugal tem adotado os nossos equipamentos nas suas produções, demonstrando uma aposta clara na competitividade dessas empresas.

E a nível internacional, quantas máquinas têm instaladas? Em que países?

No total, temos mais de 120 máquinas instaladas em países de todo o mundo. Para citar apenas alguns, temos equipamentos nossos nos EUA, na Alemanha, na India, no Canada, na China, no Brasil, na Noruega e em muitos outros.

A Cheto é uma empresa de mercado global e, com o apoio de uma extensa rede comercial internacional, conseguimos chegar a todas as geografias.

Há algum mercado internacional em que a procura esteja a aumentar?

Penso que há um aumento significativo nos mercados asiáticos, com especial destaque para a China. Para além disso, parece também haver uma retoma em alguns pontos da Europa.

Recentemente, estabeleceram uma parceria com a Delteco, em Espanha. Que peso tem o mercado do país vizinho na vossa faturação?

Muito pouco. Espanha é um país muito industrializado, mas na indústria de moldes não é tão rica como Portugal. Temos algumas referências de “peso” e a Delteco vai explorar todas as oportunidades.

Além da indústria de moldes, que outros setores trabalham?

O setor dos moldes ainda continua a ser muito representativo no nosso negócio, no entanto, já trabalhamos com o setor Oil & Gas e com a indústria nuclear.

Pode dar-nos exemplos de tipos de peças produzidas com os vossos equipamentos nessas outras indústrias?

Para estas indústrias, ajudamos a produzir peças em materiais inoxidáveis utilizadas na extração de petróleo e válvulas de alta pressão. Estamos a falar de peças técnicas bastante exigentes e complexas.

Na construção das vossas máquinas, contam com uma grande quantidade de parceiros. Quantos deles são nacionais?

60% dos nossos parceiros são empresas portuguesas. Valorizamos muito e damos preferência ao mercado nacional. Só procuramos parceiros internacionais se não encontrarmos o que precisamos em Portugal.

Trabalham com um único fornecedor para cada elemento?

Felizmente, não. Temos o cuidado de ter sempre entre dois a três fornecedores para o mesmo componente. Isto permite-nos ser mais competitivos, dar respostas mais rápidas e eficazes, mantendo sempre um fornecimento continuo sem quebras na supply-chain.

Contam com a academia e com os centros de investigação nos vossos projetos de I&D?

Sim. O desenvolvimento tecnológico e científico sempre esteve presente no conceito Cheto, desde a sua própria criação. Por isso, valorizamos muito as parcerias estabelecidas com diferentes centros de investigação científica. Temos parcerias com a Universidade do Porto e com a Universidade de Aveiro e contamos com outros parceiros que nos ajudam a desenvolver projetos totalmente inovadores a nível científico e tecnológico.

As máquina multifunções da Cheto permitem, num só set-up, dar resposta a diferentes funções inerentes ao processo de furação profunda...
As máquina multifunções da Cheto permitem, num só set-up, dar resposta a diferentes funções inerentes ao processo de furação profunda.

Como vê os avanços das tecnologias de fabricação aditiva, com cada vez mais soluções para a indústria de moldes, nomeadamente, no fabrico de canais conformados? Ponderam, por exemplo, vir a integrar essas tecnologias nas vossas máquinas?

É uma possibilidade e estamos atentos ao valor que essa tecnologia nos pode agregar. Na Cheto estamos sempre disponíveis para abraçar novos desafios e sempre atentos às novidades do nosso mercado.

Que outras inovações podemos esperar da Cheto nos próximos tempos?

A Cheto é uma empresa de engenharia e desenvolvimento científico. Os nossos modelos de máquinas estão todos equipados para a atualidade da Indústria 4.0, para a digitalização, com a possibilidade de ligação aos sistemas de ERP. Além disso, temos sempre um budget anual só para desenvolvimento DMD, que nos permite manter o ritmo de evolução tecnológica e que se reflete no lançamento de equipamentos inovadores. Um exemplo é o nosso mais recente modelo SIC, um centro de maquinação horizontal de 6 eixos, com braço de furação profunda.

A vossa aposta na indústria 4.0 não é, então, algo recente?

Não. Desde 2015 que investimos fortemente na digitalização e acreditamos que estamos “bem à frente” nas soluções 4.0. Esta é, de resto, a nossa grande aposta na edição da EMO deste ano, onde vamos apresentar o nosso mais recente módulo de digitalização com base na indústria 4.0 e componentes de uma máquina IXN com troca automática de broca canhão.

A EMO é a primeira grande feira europeia do setor desde o início da pandemia. Qual é a vossa expectativa em relação ao evento?

Estamos felizes por regressar à atividade da promoção internacional, depois de tantos meses sem eventos. Já participamos na EMO desde 2011 e, pelo seu caráter internacional e tecnológico, é, sem dúvida, uma feira com bastante potencial para ajudar na recuperação do setor. Vamos estar no Hall 3, Stand 9, e, além do módulo de digitalização, vamos ter em exibição componentes de uma máquina IXN com troca automática de broca canhão.

Para concluirmos, como vê o futuro da sua empresa daqui a 10 anos?

As nossas expectativas em relação ao futuro são muito boas. Temos, neste momento, vários projetos de I&D em desenvolvimento e, por isso, contamos aumentar a nossa gama de produtos no mercado, tornando-nos ainda mais competitivos e globais. O ideal seria que a Cheto testemunhasse um crescimento continuo e consciente para que, daqui a 10 anos, fosse reconhecida como marca e produto de excelência no mundo das máquinas-ferramenta e líder tecnológico no nosso setor.

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