38 INDÚSTRIA 5.0 Human Centric Manufacturing: a evolução natural da Indústria 4.0 A Indústria 4.0 impulsionou grandes avanços nas empresas: fábricas inteligentes, automação em larga escala e uma nova geração de tecnologias capazes de transformar radicalmente a forma como produzimos. No entanto, rapidamente percebemos que, além da tecnologia, há uma variável decisiva que dita o sucesso de qualquer empresa: as pessoas. Nilza Ramião, coordenadora da área de biomecânica no INEGI Um artigo recente1 sobre o impacto da transição digital na saúde psicológica e no bem-estar laboral, elaborado pela Ordem dos Psicólogos portugueses, mostra aliás que a transição digital tem revelado efeitos limitados na produtividade: apenas 20% dos setores registam melhorias, 70% não apresentam alterações relevantes e cerca de 10% enfrentam mesmo quebras. Este cenário reforça a necessidade de uma abordagem estratégica e cuidadosa. É desta consciência que nasce o conceito de Human Centric Manufacturing, apontado como a evolução natural da Indústria 4.0 e pilar fundamental da chamada Indústria 5.0. PORQUE É PRECISO IR ALÉM DA TECNOLOGIA? A Indústria 4.0 focou-se na digitalização dos processos, na conectividade e na eficiência. No entanto, muitas empresas sentiram também os seus efeitos colaterais: • Dificuldade em atrair e reter talento qualificado, pouco motivado para trabalhar em ambientes industriais rígidos; • Desafios na adaptação de trabalhadores mais experientes a novas tecnologias; • Crescente preocupação com bem- -estar e segurança no trabalho. O QUE É O HUMAN CENTRIC MANUFACTURING? Human Centric Manufacturing significa colocar as pessoas no centro das operações industriais. É criar fábricas onde a tecnologia não substitui, mas apoia ao reduzir esforço físico e cognitivo e libertando tempo e energia para aquilo que só as pessoas conseguem fazer: a criatividade, a resolução de problemas e a inovação. O Human Centric Manufacturing é a chave para garantir a competitividade num mercado global cada vez mais exigente, porque permite: • Atrair e reter talento: transformar o ambiente de trabalho num fator de atração e retenção para jovens engenheiros e técnicos qualificados; • Aumentar a produtividade: apoiar os colaboradores com tecnologias que reduzem esforço físico e cognitivo, potenciando o seu desempenho; • Facilitar a transformação digital: quando a tecnologia é percebida como feita 'para as pessoas', a resistência à mudança diminui e a adoção acelera; • Garantir sustentabilidade: cuidar da segurança reduz absentismo, rota-
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