BM27 - InterMETAL

OPINIÃO 16 Tendo em conta o exposto, deveria ser possível ser-se otimista quanto ao futuro do Metal Portugal e esperar- -se que o mesmo prosseguisse a sua extraordinária trajetória de sucesso já percorrida ao longo dos últimos 10 ou 15 anos. Sem romantizar excessivamente a realidade, um futuro cheio de luz. Infelizmente, estão a surgir sombras que ameaçam de forma muito inquietante as possibilidades de continuação do sucesso. de postos de trabalho, o metal é 45 vezes maior do que a siderurgia: 13 milhões contra 300 mil. Para além do mais, deve dizer-se que o apoio aos produtores europeus de aço acabará por prejudicar os próprios. Se a CE prejudicar desta forma os transformadores europeus, a indústria siderúrgica europeia irá perder os seus clientes. O que significa que também será destruída. Finalmente, há um detalhe bizarro neste contexto: as empresas siderúrgicas europeias são esmagadoramente de capital não europeu, predominantemente indiano. Daqui decorre, pois, que a Comissão Europeia está a tratar de destruir um enorme setor de grande valor acrescentado e que emprega milhões de trabalhadores, privilegiando um setor de muito menor dimensão e de capital indiano. Estamos habituados a decisões disparatadas por parte das instituições europeias e muito particularmente da Comissão Europeia e respetivas Direções-Gerais. Neste caso, porém, a perplexidade ultrapassa todos os limites. É fundamental que a Comissão Europeia reflita e reverta estas políticas. E é essencial que o governo português seja voz ativa na discussão, intervindo em defesa do setor que, em Portugal, é responsável por uma terça parte das exportações da indústria transformadora. n No passado dia 7 de outubro, a Comissão Europeia anunciou, entre outras medidas restritivas à importação do aço, a aplicação de tarifas de 50% à compra dessa matéria-prima a fornecedores de fora da Europa. Não obstante, não irá aplicar taxas idênticas à importação de produtos acabados, fabricados a partir do aço. Como é evidente, em resultado dessas políticas, muitos concorrentes não europeus terão acesso ao nosso mercado em condições bastante mais vantajosas, sendo certo que não estarão sujeitas às tarifas na compra de matérias-primas e de igual modo estarão isentas de quaisquer taxas na venda dos seus produtos. É verdadeiramente insano que seja a própria Comissão Europeia a distorcer a concorrência em prejuízo das empresas cujos interesses teria a obrigação de salvaguardar. No sentido de, alegadamente, proteger os fabricantes de aço na Europa, a Comissão Europeia prepara-se para destruir o setor metalúrgico e metalomecânico europeu, que é o mais relevante da indústria transformadora em toda a União Europeia. Se compararmos os dois setores facilmente percebemos que tudo isto é desprovido do menor bom-senso. O setor metalúrgico e metalomecânico europeu tem um volume de negócios anual superior a quatro biliões de euros, sendo 20 vezes superior ao atingido pela indústria siderúrgica (200 mil milhões de euros). Quanto ao número "É essencial que o governo português intervenha em defesa do setor metalúrgico e metalomecânico, responsável por uma terça parte das exportações da indústria transformadora portuguesa" C M Y CM MY CY CMY K

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