www.intermetal.pt 2025/4 27 Preço:11 € | Periodicidade: 4 edições por ano | Outubro, Novembro, Dezembro 2025 Trabalhe com acesso a dados à sua velocidade. Dados de medição 3D centralizados para os seus processos. Entre em contato: +351 210 549 720 infoportugal@polyworkseuropa.com www.polyworkseuropa.com/pt-br
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SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_intermetal@interempresas.net www.intermetal.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127299 Déposito Legal 455413/19 Distribuição total +4.100 envios. Distribuição digital a +3.400 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 27 – Outubro, Novembro, Dezembro 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.intermetal.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterMETAL adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 6 EDITORIAL 7 Human Centric Manufacturing: a evolução natural da Indústria 4.0 38 Série NLX da DMG MORI: torneamento de alto desempenho para um vasto leque de indústrias 40 Como ultrapassar os desafios da furação de alto volume 43 Dominar os materiais complexos utilizados na aeronáutica 46 Mitsubishi apresenta novos quebra- -aparas para pastilhas negativas e positivas 50 PolyWorks 2025 impulsiona digitalização de fluxos de trabalho de inspeção dimensional 51 Phasio e CoreTechnologie unem forças para automatizar a produção aditiva 54 Novo software, novo portefólio: a Plataforma Eplan 2026 56 Em segurança se solda, corta e molda metais… [4] 58 DriveRadar APPredict: monitorize o seu sistema a qualquer hora e em qualquer lugar 63 Rolamentos híbridos: a solução para aplicações de percurso curto 64 Iggy Rob: o novo robô humanoide económico da igus 65 O metal entre a luz e a sombra 14 EMO Hannover 2025 mostra resiliência do setor das máquinas- -ferramenta 18 Entrevista com Vitor Fragoso, diretor-geral da Deibar 22 Projeto Domino redefine o conceito de fabrico de moldes 26 INOV.iQ: o molde da Erofio 100% impresso em 3D 28 Tebis SmartOps: o início de uma nova etapa na automação inteligente 32 Especialista em ... Novos mercados da indústria de moldes portuguesa 36
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Europa cria academia para formar 200 mil especialistas em materiais avançados Maquinser distinguida como ‘distribuidor líder mundial Matsuura’ pelo segundo ano consecutivo Durante a feira EMO Hannover 2025, a Maquinser foi reconhecida pelo segundo ano consecutivo como ‘distribuidor líder em vendas mundial de máquinas Matsuura’. A distinção foi entregue por Yuto Matsuura ao CEO da empresa, Christian Postigo Olsson, na cerimónia tradicional com distribuidores mundiais da marca. A Maquinser agradeceu a confiança dos clientes e a dedicação da equipa, destacando a colaboração de 38 anos com a Matsuura, num ano especialmente significativo para a marca japonesa, que celebra o seu 90.º aniversário. Graças à tecnologia Matsuura, a Maquinser consolidou-se como uma das principais empresas em vendas de sistemas multipalete na Península Ibérica, impulsionada pelo sucesso das séries MAM e MX. Estes equipamentos destacam-se pela tecnologia de 5 eixos, o novo software MiOS 4 e elevada capacidade de automatização, operando 24/7 durante todo o ano, num espaço compacto face às suas prestações. Mais de 1.500 empresas portuguesas já utilizam o sistema da Mewa Atualmente, mais de 1.500 empresas portuguesas já confiam no sistema sustentável de panos de limpeza da Mewa, e, de acordo com a empresa, o potencial de crescimento continua elevado. Particularmente recetivos aos panos de limpeza e às mantas absorventes de óleo da Mewa com serviço completo são os setores automóvel, metalúrgico, logístico e gráfico. A estas juntam-se empresas com oficinas de manutenção, onde a limpeza técnica e a eficiência são fatores decisivos. Nos últimos sete anos, a prestadora de serviços têxteis registou um aumento de mais de 80% de faturação na Península Ibérica, região onde contabiliza já cerca de 9.000 clientes. O destaque vai, no entanto, para o eixo Portugal – Galiza, onde triplicou o seu volume de negócios. A Comissão Europeia e o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) apresentaram a European Advanced Materials Academy durante os EIT Education and Skills Days 2025. A iniciativa pretende qualificar 200 mil profissionais até 2029, reforçando a liderança europeia em inovação e sustentabilidade. Coordenada pela EIT RawMaterials, a academia oferecerá formações modulares, multilingues e certificadas ao longo da cadeia de valor dos materiais avançados. Os programas abrangem áreas como modelação digital, fabrico aditivo, inteligência artificial e design sustentável, dirigindo-se a estudantes e profissionais de setores como energia, mobilidade, eletrónica e construção. Os primeiros cursos arrancam em 2026. A academia responde à Estratégia Europeia para a Liderança Industrial em Materiais Avançados (2024), que identificou a escassez de competências como obstáculo crítico à competitividade industrial. Apoiará também a futura Lei dos Materiais Avançados, prevista para 2026, que visa acelerar a inovação e aumentar a autonomia produtiva europeia.
7 UE lança leilão de mil milhões de euros para descarbonizar o calor industrial A Comissão Europeia anunciou o primeiro leilão europeu dedicado à descarbonização do calor industrial, com um orçamento de mil milhões de euros financiado pelo Sistema Europeu de Comércio de Licenças de Emissão. Integrado no Innovation Fund e no Clean Industrial Deal, o IF25 Heat Auction visa apoiar projetos que substituam combustíveis fósseis por tecnologias de calor eletrificado ou renovável direto, incluindo bombas de calor, caldeiras elétricas, tochas de plasma, aquecimento por resistência e soluções solar térmicas ou geotérmicas. O calor de processo é uma das principais fontes de emissões de CO₂ em setores como cimento, aço e produtos químicos. O leilão pretende reduzir o diferencial de custos entre tecnologias limpas e fósseis, acelerando a transição energética e reforçando a competitividade industrial europeia. Os projetos selecionados receberão subvenções proporcionais às toneladas de CO₂ evitadas durante cinco anos, num modelo de prémio fixo. A iniciativa, aberta a empresas de todos os setores do Espaço Económico Europeu, também promove a flexibilidade energética, valorizando soluções que reduzam o consumo em horas de pico. As candidaturas abrem em dezembro de 2025, representando, segundo Kurt Vandenberghe (DG Clima), “um passo essencial rumo à neutralidade climática até 2050”. EDITORIAL Às portas de mais uma Moldplas, a feira de moldes e plásticos que se realiza de 13 a 15 de novembro, na Batalha, voltamos a atenção para um setor ‘bandeira’ do país: o do fabrico de moldes. Reconhecidos internacionalmente pela qualidade dos seus produtos, os fabricantes nacionais estabeleceram-se como importantes parceiros de setores exigentes, como o automóvel. Resultado da convergência entre fragilidades pré-existentes (pandemia, falta de chips) e choques geopolíticos recentes (guerra, inflação e escassez de matérias-primas), este segmento vive atualmente uma redefinição estrutural, passando de um modelo globalizado e eficiente para outro mais regional e estrategicamente controlado — num equilíbrio delicado entre transição verde, competitividade e segurança económica. Esta conjuntura afeta, naturalmente, a indústria de moldes portuguesa, que tenta, mais uma vez, reinventar-se, quer através da procura de novos mercados – como nos explica Manuel Oliveira, secretário-geral da Cefamol –, quer através da incorporação de novas tecnologias, como o fabrico aditivo. Neste número, divulgamos dois projetos interessantes nesta área: o do primeiro molde 100% impresso em 3D pela Erofio e o do consórcio ‘Domino’, que desenvolveu um novo conceito de molde compacto que também incorpora impressão 3D (no fabrico dos canais quentes). Já no campo das tecnologias tradicionais, os fabricantes de máquinas-ferramenta que, como é natural, continuam a dominar o chão de fábrica, procuram apoiar os seus clientes nesta fase desafiante, desenvolvendo soluções que aumentem a produtividade e rentabilidade das empresas. Em entrevista, Vitor Fragoso, diretor-geral da Deibar, analisa as principais tendências neste mercado. Para ler na página 22. Nesta edição, damos também voz a alguns dos mais recentes lançamentos na área das ferramentas de corte e do software, elementos igualmente determinantes para o sucesso do processo produtivo de qualquer área da metalomecânica. Em todo este contexto, não nos podemos esquecer que toda a tecnologia do mundo não substitui o elemento principal de qualquer empresa: as pessoas. No artigo da página 38, o INEGI aborda o conceito de Human Centric Manufacturing e defende que é urgente “criar fábricas onde a tecnologia não substitui, mas apoia ao reduzir esforço físico e cognitivo e libertando tempo e energia para aquilo que só as pessoas conseguem fazer: a criatividade, a resolução de problemas e a inovação”. Uma análise tão interessante quanto urgente, considerando a falta de mão de obra que afeta o setor. Como habitual, esta revista vai estar em distribuição na Moldplas. Passe por lá e leve um exemplar gratuito! Vemo-nos na Batalha! Indústria de moldes: uma história de resiliência e reinvenção
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Agentic AI promete revolucionar automação empresarial e industrial A inteligência artificial prepara-se para dar um novo salto evolutivo. Segundo a GlobalData, a Agentic AI – uma geração de sistemas capazes de atuar autonomamente – promete transformar a eficiência empresarial, reduzir custos e elevar a experiência do cliente. Os chamados AI agents estão a ser desenvolvidos para aplicações desde o consumo individual até à indústria, ambientes científicos e hospitalares. Em setores complexos, como fábricas ou unidades de saúde, espera-se que múltiplos agentes de IA sejam orquestrados para diferentes funções, trabalhando em conjunto. Esta tecnologia terá papel central na transição digital das empresas para arquiteturas ‘AI-native’, sistemas concebidos de raiz para integrar IA em todos os processos. A GlobalData define Agentic AI como sistemas avançados capazes de tomar decisões e executar ações com pouca supervisão humana. Isabel Al-Dhahir, analista principal, destaca o rápido crescimento do mercado, mas sublinha que "a adoção empresarial exigirá confiança de que estas ferramentas geram valor comprovado, algo ainda recebido com ceticismo". Outro campo promissor é o Agentic DevOps, que procura ir além da automação tradicional. Contudo, desafios como ‘alucinações’ dos modelos ou dificuldades na migração de software podem atrasar a adoção. A integração com processos existentes será a grande barreira a ultrapassar. Produção de maquinaria europeia só recuperará valores positivos em 2027 As tensões geopolíticas e a nova política alfandegária dos Estados Unidos estão a provocar efeitos negativos no dinamismo do setor da maquinaria, particularmente na Europa. Um estudo recente da Crédito y Caución reviu em baixa as previsões de crescimento global do setor, que cairá 0,6 pontos este ano face às projeções iniciais de março, e 1,9 pontos em 2026, fixando-se em 1,4% em 2025 e apenas 0,8% no próximo ano. Trata-se de um setor fortemente dependente das cadeias de abastecimento transfronteiriças, tornando-o extremamente sensível às alterações nas políticas comerciais mundiais. Além disso, exige financiamento para investimentos significativos em capital, frequentemente durante vários anos, e a incerteza atual está a retrair o investimento. Entre as regiões, a Ásia-Pacífico terá um desempenho mais robusto que o Ocidente, com crescimento próximo dos 3%, enquanto na Europa prevê-se uma contração da produção de engenharia mecânica, sem recuperação substancial antes de 2027. O principal motivo prende-se com a forte dependência das exportações europeias do mercado norte-americano, gerando forte impacto nos principais produtores como a Alemanha, que representa mais de 45% da produção de engenharia mecânica da zona euro. A seguradora prevê quedas superiores a 2% na produção francesa e alemã este ano. Paralelamente, espera-se um aumento das insolvências, tendência crescente desde 2024. A médio e longo prazo, o setor enfrentará desafios como a volatilidade de preços e disponibilidade de matérias-primas (alumínio, cobre, aço), embora a aposta na automação e robótica industrial possa estimular a procura de equipamentos relacionados.
9 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Batalha volta a receber i4.0EXPO A i4.0EXPO – Feira da Indústria 4.0, Automação e Robótica realiza-se de 13 a 15 de novembro no Exposalão, Batalha, assumindo-se como principal ponto de encontro entre empresas, profissionais e entidades ligadas à transformação digital do setor metalomecânico. O evento visa divulgar soluções tecnológicas inovadoras e acelerar a adoção de processos inteligentes, conectados e sustentáveis, alinhados com os princípios da Indústria 4.0. Acontece em simultâneo com as feiras Moldplas, 3D Additive e Subcontratação 2025. Mais de 900 expositores confirmados para a 33.ª edição da BIEMH Mais de 900 empresas expositoras já confirmaram participação na 33.ª edição da BIEMH – Bienal Internacional de Máquinas-Ferramenta, marcada para 2 a 6 de março de 2026, no Palácio de Exposições de Bilbao. O certame posiciona-se como ponto de encontro essencial da indústria transformadora mundial. A edição apresenta programa técnico diversificado, com conferências, demonstrações ao vivo e workshops dedicados a automação industrial, inteligência artificial aplicada à produção, digital twins, robótica colaborativa, IoT, impressão 3D em metal, manutenção preditiva e cibersegurança industrial. Será debatido o impacto da transição digital na eficiência energética, sustentabilidade e competitividade internacional das empresas do setor metalúrgico e metalomecânico, sob forte pressão para modernizar processos e responder aos desafios da transição verde e digital. A i4.0EXPO dirige-se a empresários, engenheiros, responsáveis de produção, gestores de manutenção, especialistas em inovação e profissionais técnicos da indústria metalomecânica e setores associados, como moldes, máquinas-ferramenta, automóvel e aeronáutica. O evento pretende ser espaço de networking qualificado, favorecendo a ligação entre fornecedores de tecnologia, integradores de sistemas e empresas que procuram implementar soluções avançadas de digitalização. Entre as empresas confirmadas de mais de 15 países estão Adira, Amada, Bystronic, Danobat, Fagor Automation, Fanuc, Ibarmia, Kuka, Lantek, Nicolás Correa, Renishaw, Soraluce, Trumpf e Yaskawa, entre outros. O produto será tema central, com exposição de máquinas em funcionamento, incluindo soluções de grande formato nos próprios stands. A feira contará com área específica sobre automação, robótica e digitalização, setores-chave para eficiência e competitividade industrial. A oferta incluirá ferramentas, componentes, acessórios, metrologia e serviços de produção. A projeção internacional será uma das principais marcas, com promoção em cerca de 150 países, destacando Estados Unidos, China, Brasil, Índia, Alemanha, Portugal e Magrebe. O programa VIP de convite a compradores profissionais visa atrair perfis de elevado interesse.
10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Yaskawa lança plataforma Motoman Next para automação robótica inteligente A Yaskawa apresentou a Motoman Next, uma nova plataforma tecnológica tudo-em-um que integra hardware robótico, software e ferramentas de engenharia, inaugurando a era da automação robótica inteligente. Tirando partido da Aprendizagem Automática e da Inteligência Artificial, a nova plataforma oferece soluções mais inteligentes e adaptáveis para utilizadores de robôs, desenvolvedores de software e integradores de sistemas, facilitando a conceção, implementação e operação de aplicações robóticas anteriormente consideradas difíceis ou dispendiosas de automatizar. O Motoman Next é um sistema harmonizado onde a RCU (Robot Control Unit) é complementada por uma ACU (Autonomous Control Unit) baseada num dispositivo NVIDIA Jetson Orin NX Edge, com CPU e GPU integradas. A ACU aloja sistema operativo Linux, compatível com implementações Docker, incluindo planeamento automático de trajetórias sem colisões, controlo de movimento, acesso a E/S e módulos para deteção de forças e processamento de imagens 2D/3D/IA. A plataforma é pioneira ao integrar métodos de programação do mundo da automação clássica baseada em sinais (OT) e do mundo TI baseado em dados, eliminando a necessidade de PC externo adicional. A Yaskawa gere o hardware e principais módulos de software, oferecendo solução tudo-em-um com funções robóticas básicas perfeitamente adaptadas. O pacote inclui o YNX Robot Simulator para desenvolvimento virtual, testes e otimização. Alternativamente, programadores experientes podem usar ferramentas NVIDIA (Isaac Sim, cuMotion), que a Yaskawa é dos primeiros fabricantes mundiais a suportar plenamente. A nova gama de modelos industriais Motoman Next (série NEX) começa com carga útil entre 7 e 35 kg, com servoacionamentos de alta inércia para grande precisão absoluta. Os cobots série NHC (12 e 30 kg) incorporam câmara corporal RGB-D para aplicações adaptativas. Universal Robots apresenta novo cobot para tarefas industriais exigentes A Universal Robots apresentou na feira Fabtech de Chicago o UR8 Long, o mais recente membro da sua família de robôs colaborativos. Com alcance de 1.750 mm – semelhante ao UR20, mas mais esguio e compacto – este equipamento promete revolucionar tarefas industriais exigentes em espaços limitados, como soldadura complexa, inspeções flexíveis e operações de bin picking. O novo cobot combina alcance, estabilidade e precisão num corpo leve e resistente, suportando cargas até 8 kg. "O UR8 Long pode chegar mais longe e fazer mais do que nunca, ajudando pessoas e empresas a trabalhar mais rápido, com segurança e menos esforço físico", afirmou Jean Pierre Hathout, presidente da Universal Robots. O equipamento integra-se com PolyScope 5 e PolyScope X, expansível com tecnologia MotionPlus para movimentos suaves e maior precisão. A função freedrive melhorada permite guiar o braço manualmente de forma simples. Com design 30% mais leve que o UR20, é ideal para montagem em pórticos, sistemas elevados ou trilhos. Na soldadura, assegura maior qualidade e reduz retrabalho. No bin picking, o maior alcance permite aumentar recolhas por ciclo, reduzindo o tempo em até 30%.
11 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Dstgroup inaugura primeiro Campus do Pensamento Industrial e Digital do país O dstgroup inaugurou em 20 de outubro, em Soutelo, Vila Verde, o primeiro Campus do Pensamento Industrial e Digital de Portugal, iniciativa inovadora resultante da colaboração com o Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA) e a Escola Profissional Amar Terra Verde (EPATV). O Campus representa um marco na formação técnica e tecnológica em Portugal, estabelecendo a ponte entre ensino profissional, superior e tecido empresarial. O objetivo é criar um ecossistema de conhecimento e inovação que responda às necessidades das empresas e exigências do mercado de trabalho. O projeto nasce da escola industrial dst, criada pelo grupo para recuperar a tradição das antigas escolas industriais e comerciais, modernizando o ensino técnico face aos desafios da transição digital e energética. Homologada pela DGEstE, a escola disponibiliza cursos profissionais e de especialização tecnológica dirigidos a alunos do 9.º e 12.º anos, em áreas estratégicas como energia, eletricidade, climatização e manutenção. Bruxelas propõe novo plano para proteger a indústria europeia do aço A Comissão Europeia apresentou uma proposta para proteger a indústria do aço da União Europeia contra os impactos da sobrecapacidade global, fenómeno que ameaça a competitividade e sustentabilidade deste setor estratégico. A iniciativa, que substitui as atuais medidas de salvaguarda em vigor até junho de 2026, pretende garantir proteção contínua e mais robusta, assegurando conformidade com as regras da OMC e o compromisso europeu com o comércio aberto e justo. Entre as medidas propostas destaca-se a redução de 47% das quotas de importação isentas de tarifas, limitadas a 18,3 milhões de toneladas anuais, e o reforço dos direitos aduaneiros fora da quota, que duplicam de 25% para 50%. Será introduzido requisito de rastreabilidade ‘Melt and Pour’, obrigando à identificação da origem e transformação do aço para evitar práticas de contorno. A proposta responde a pedidos de trabalhadores, governos, eurodeputados e associações industriais. As exportações da Noruega, Islândia e Liechtenstein não serão sujeitas a tarifas nem quotas. O plano será analisado pelo Parlamento Europeu e Conselho, exigindo maioria qualificada para aprovação. Semana de Moldes regressa em novembro A Semana de Moldes 2025 – Moulds Event realiza-se de 24 a 28 de novembro na Marinha Grande e Oliveira de Azeméis, afirmando-se como espaço de análise, reflexão e debate sobre tendências tecnológicas e desafios de mercado que afetam o setor. O evento, co-organizado pelo Centimfe, Cefamol e Pool-net, posiciona-se como uma oportunidade única para explorar estratégias, inovações e conhecimento que reforcem o posicionamento da indústria de moldes e plásticos portuguesa como referência internacional. O programa inclui sessões sobre Rapid Product Development (RPD), eventos de Brokerage (B2B), o fórum ‘Tech i9’, conferências sobre projetos Robota Sudoe, PTcentroDiH, INOV.AM e Digi 3D, além de um jantar de gala oficial no Castelo de Leiria. A iniciativa dirige-se a profissionais, empresários, investigadores e fornecedores de tecnologia da indústria de moldes e plásticos, constituindo uma plataforma privilegiada para networking, partilha de conhecimento e identificação de oportunidades de negócio num setor estratégico para a economia portuguesa.
12 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERMETAL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Novas formações da Bosch Industry Academy A Bosch Industry Consulting, área de negócio do grupo Bosch direcionada à consultoria industrial e suporte para melhoria contínua e digitalização da indústria, alargou a sua oferta formativa, disponibilizando formações online e presenciais interempresas nas áreas de liderança em fábricas Lean e ferramentas de Lean Manufacturing. Com conteúdos técnicos e práticos concebidos para responder aos desafios atuais da indústria, estas formações estão disponíveis para qualquer profissional, com inscrição simples e flexível, a título individual ou através da entidade empregadora. As sessões online decorrem na plataforma Microsoft Teams, combinando vertente teórica com componente prática através de exercícios e trabalhos de grupo, garantindo dinamismo, interação em tempo real e aplicação prática imediata. Com temas desde Gestão da Complexidade, Consórcio desenvolve solução inovadora de soldadura avançada A colaboração entre a Berkoa Machine Tools, o centro tecnológico espanhol Lortek e a spin-off universitária Vors Control deu origem a uma solução inovadora em soldadura avançada, desenvolvendo um gémeo digital que colocou a máquina SoldAvanza como referência no desenvolvimento de máquinas de soldadura por fricção rotativa. A solução foi apresentada no stand da AFM na EMO 2025. A SoldAvanza representou um dos projetos mais ambiciosos no domínio da soldadura avançada desenvolvido em Espanha, fabricada pela Berkoa Machine Tools em colaboração com a Lortek. Atingiu duas gamas de trabalho: até 20 toneladas de impulso a 3.000 rpm e até 60 toneladas a 1.500 rpm, cobrindo vasta gama de aplicações. Destinada à produção de pequenas séries e protótipos, enfrentou grande variedade de formas e materiais, exigindo ajuste fino do controlo através de modelos avançados. O desenvolvimento baseou-se no controlador BLSC 4.0, concebido com a Lortek, cuja arquitetura modular acelerou novos processos experimentais. A Vors Control contribuiu com experiência em controlo avançado. O gémeo digital baseou-se em modelação física detalhada, validada em condições reais. As melhorias incluíram redução de ruído nos sinais, diminuição do overshoot e maior estabilidade no controlo, tornando a máquina num banco de ensaio essencial para validação de projetos antes da produção em grande escala. Especificação de Máquinas e Equipamentos, até Interação entre Lean e I4.0, pretende-se que os formandos beneficiem do networking com formadores qualificados e profissionais de diferentes empresas, promovendo partilha de perspetivas e boas práticas intersetoriais. "O principal objetivo é promover a partilha de conhecimento da Bosch com o mercado externo, contribuindo para a capacitação das empresas industriais, apoiando crescimento sustentável e transformação digital com métodos comprovados", explica Tiago Sacchetti, diretor da Bosch Industry Consulting para Portugal e Espanha.
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OPINIÃO 14 O metal entre a luz e a sombra Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP Conforme começa a ser cada vez mais do conhecimento público, as empresas pertencentes ao setor metalúrgico e metalomecânico português, que habitualmente são designadas de forma genérica como o Metal Portugal, têm sido fundamentais para o crescimento económico do país ao longo dos últimos 20 anos. Durante esse período, Portugal, a Europa e mesmo o mundo em geral foram fortemente afetados por sobressaltos económicos e financeiros de enorme dimensão, como foram os casos, sucessivamente, da crise do sub-prime, da intervenção da troika nos países do sul da Europa, da pandemia, do encerramento do Canal do Suez, dos problemas de abastecimento da indústria automóvel ou da questão dos semicondutores. Não obstante, a generalidade dos segmentos do Metal Portugal enfrentou com resiliência e sucesso todos esses obstáculos, constrangimentos e dificuldades, contribuindo com a sua competência e capacidade empreendedora para sucessivos recordes de crescimento de exportações e de criação de postos de trabalho crescentemente qualificados. Mais ainda, em alguns daqueles momentos acima referidos, a capacidade de exportar e gerar emprego das empresas metalúrgicas e metalomecânicas foi absolutamente decisiva para ajudar o país e o povo português a resistirem. Atualmente, a Europa atravessa novamente um momento difícil, com crises de diferentes características em algumas das suas principais economias. A Alemanha tem vindo a assistir quase impotente a um verdadeiro tsunami de insolvências nas áreas da construção, imobiliário e automóvel. França tem as suas contas públicas no limiar da catástrofe ao mesmo tempo em que se vê incapaz de reformar um estado obeso e ineficiente e de pacificar as tensões sociais internas. O Reino Unido não só pondera a possibilidade de pedir uma intervenção do FMI no sentido de o salvar de um ‘default’, como está assolado pelo aumento galopante da insegurança e criminalidade. Espanha está completamente descredibilizada pela manutenção em funções de um governo com evidências claras de corrupção, nepotismo e de cumplicidade com o terrorismo. Por outro lado, o novo governo dos Estados Unidos da América, onde havia uma presença crescente das empresas do Metal Portugal, criou barreiras que dificultam fortemente a entrada no mercado de produtos europeus e compromete também de algum modo os investimentos portugueses no México, os quais, naturalmente, tinham e têm também em vista as possibilidades oferecidas pelo grande vizinho do norte. Como se tudo isto fosse pouco, a Europa está neste momento perturbada por duas guerras às suas portas ou mesmo no seu interior. No médio-oriente, a guerra entre Israel e grupos terroristas apoiados pelo Irão tem vindo a prolongar-se há mais de dois anos. É verdade que foi recentemente outorgado um acordo de paz entre Israel e o Hamas, mas também é certo de que todos temos a noção da enorme fragilidade de que tal acordo se reveste. É muito previsível que haja recaídas e regresso aos combates.
15 Por outro lado, o conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia, causado por uma agressão unilateral desta última, irá em breve entrar no seu quarto ano de duração. Para que tenhamos uma noção mais afinada do que isto representa, lembremo- -nos de que a chamada Grande Guerra – a primeira guerra mundial -, durou precisamente quatro anos, entre 1914 e 1918. É extraordinário verificarmos que o setor metalúrgico e metalomecânico português continua a resistir com enorme sucesso a todas estas vicissitudes. Exportou em 2024 cerca de 24 mil milhões de euros, prevendo-se ainda que o exercício de 2025 venha a registar um crescimento homólogo nesse âmbito. Aliás, os resultados acumulados das exportações relativos a agosto fazem transparecer um aumento de quase 2% das vendas ao exterior por parte do Metal Portugal em comparação com o mesmo período de 2024. E é importante ainda sublinhar a esse respeito que essa performance exportadora do setor está a ser mais positiva do que a verificada nos restantes setores de atividade e na indústria transformadora em geral. Os números do Metal Portugal são extraordinários em todos os índices: um volume de negócios crescente a rondar os 38 mil milhões de euros, um valor acrescentado de quase 10 mil milhões de euros e duzentos e cinquenta e cinco mil postos de trabalho ocupados. Esse é naturalmente o resultado de um crescimento do investimento não só de empresas nacionais, como também de muitas sociedades de capital estrangeiro e direito português que também integram de pleno direito o Metal Portugal. Para além disso, o setor evidencia desempenhos notáveis consubstanciados na redução da sinistralidade laboral, no aumento de empresas certificadas, no crescimento do investimento em inovação, investigação e desenvolvimento, na aposta cada vez mais assertiva na propriedade industrial e do número crescente de trabalhadores com mais qualificações ao seu serviço. Mais de 1.200.000 machos produzidos todos os meses: cada um passa por 3 controlos de qualidade, todos são perfeitos. Uma liderança construída com paixão, peça por peça, desde 1923. Perfeição japonesa. www.yamawa.eu Produtos distribuídos por Sorma Ibérica Tools S.L. Barcelona - España - info@sormaiberica.com
OPINIÃO 16 Tendo em conta o exposto, deveria ser possível ser-se otimista quanto ao futuro do Metal Portugal e esperar- -se que o mesmo prosseguisse a sua extraordinária trajetória de sucesso já percorrida ao longo dos últimos 10 ou 15 anos. Sem romantizar excessivamente a realidade, um futuro cheio de luz. Infelizmente, estão a surgir sombras que ameaçam de forma muito inquietante as possibilidades de continuação do sucesso. de postos de trabalho, o metal é 45 vezes maior do que a siderurgia: 13 milhões contra 300 mil. Para além do mais, deve dizer-se que o apoio aos produtores europeus de aço acabará por prejudicar os próprios. Se a CE prejudicar desta forma os transformadores europeus, a indústria siderúrgica europeia irá perder os seus clientes. O que significa que também será destruída. Finalmente, há um detalhe bizarro neste contexto: as empresas siderúrgicas europeias são esmagadoramente de capital não europeu, predominantemente indiano. Daqui decorre, pois, que a Comissão Europeia está a tratar de destruir um enorme setor de grande valor acrescentado e que emprega milhões de trabalhadores, privilegiando um setor de muito menor dimensão e de capital indiano. Estamos habituados a decisões disparatadas por parte das instituições europeias e muito particularmente da Comissão Europeia e respetivas Direções-Gerais. Neste caso, porém, a perplexidade ultrapassa todos os limites. É fundamental que a Comissão Europeia reflita e reverta estas políticas. E é essencial que o governo português seja voz ativa na discussão, intervindo em defesa do setor que, em Portugal, é responsável por uma terça parte das exportações da indústria transformadora. n No passado dia 7 de outubro, a Comissão Europeia anunciou, entre outras medidas restritivas à importação do aço, a aplicação de tarifas de 50% à compra dessa matéria-prima a fornecedores de fora da Europa. Não obstante, não irá aplicar taxas idênticas à importação de produtos acabados, fabricados a partir do aço. Como é evidente, em resultado dessas políticas, muitos concorrentes não europeus terão acesso ao nosso mercado em condições bastante mais vantajosas, sendo certo que não estarão sujeitas às tarifas na compra de matérias-primas e de igual modo estarão isentas de quaisquer taxas na venda dos seus produtos. É verdadeiramente insano que seja a própria Comissão Europeia a distorcer a concorrência em prejuízo das empresas cujos interesses teria a obrigação de salvaguardar. No sentido de, alegadamente, proteger os fabricantes de aço na Europa, a Comissão Europeia prepara-se para destruir o setor metalúrgico e metalomecânico europeu, que é o mais relevante da indústria transformadora em toda a União Europeia. Se compararmos os dois setores facilmente percebemos que tudo isto é desprovido do menor bom-senso. O setor metalúrgico e metalomecânico europeu tem um volume de negócios anual superior a quatro biliões de euros, sendo 20 vezes superior ao atingido pela indústria siderúrgica (200 mil milhões de euros). Quanto ao número "É essencial que o governo português intervenha em defesa do setor metalúrgico e metalomecânico, responsável por uma terça parte das exportações da indústria transformadora portuguesa" C M Y CM MY CY CMY K
18 EMO Hannover 2025 mostra resiliência do setor das máquinas-ferramenta Apesar da queda da produção na Europa e no Japão, a EMO Hannover 2025 destacou a capacidade de adaptação da indústria das máquinasferramenta, impulsionada pelo consumo interno nos EUA e pelo forte crescimento da Índia, reforçando a importância da cooperação e da inovação verde e digital para o futuro da manufatura. Alexandra Costa A EMO Hannover 2025 tornou-se palco de união para associações de máquinas-ferramenta de todo o mundo, num momento em que o setor enfrenta um cenário marcado por incertezas geopolíticas, pressões económicas e queda da produção. Ainda assim, a feira demonstrou a capacidade da indústria para se adaptar e inovar, colocando a cooperação e a sustentabilidade como pilares estratégicos para o futuro da manufatura. Na conferência de imprensa da Cecimo — a associação europeia que congrega os fabricantes de máquinas-ferramenta — o presidente François Duval sublinhou que, apesar das diferenças regionais, os objetivos comuns são Foto: Rainer Jensen.
19 claros: “criar um melhor ambiente de negócios, expandir mercados globais, enfrentar a escassez de competências e impulsionar a inovação através de tecnologias verdes e digitais”. EUROPA EM RETRAÇÃO, MAS COM SINAIS DE RECUPERAÇÃO FUTURA Marcus Burton, presidente do Comité Económico da Cecimo, apresentou dados que confirmam as dificuldades vividas pelo setor europeu. A produção de máquinas-ferramenta caiu 9,2% em 2024, para 25,1 mil milhões de euros, e as projeções apontam para uma nova quebra de 8,6% em 2025. Com isso, a quota europeia na produção mundial deverá encolher para 31,5% este ano. O consumo também segue em queda: menos 16% em 2024 e com nova descida prevista de 3,6% em 2025. Ainda assim, o índice de encomendas da Cecimo registou uma subida de 6% em termos homólogos no segundo trimestre de 2025, sinal de recuperação assente sobretudo na procura externa. “Apesar dos últimos dois anos negativos, 2026 deverá trazer melhores resultados, com crescimento nas encomendas e no consumo”, referiu Marcus Burton. François Duval, presidente da Cecimo. MOVING YOUR WORLD NOVA MOBILIDADE ENERGIZADA Soluções de lubrificação para maior desempenho, segurança e eficiência. www.fuchs.com/pt
20 Stand da Nicolas Correa na EMO 2025. Foto: Rainer Jensen. O presidente da Associação Japonesa de Construtores de MáquinasFerramenta (JMTBA), Kazuo Yuhara, por seu lado, destacou um decréscimo da procura doméstica de 7,4% em 2024, embora a procura externa tenha subido 3,4%. A produção de máquinas de corte de metal caiu 14,3%, fixando-se em 901,3 mil milhões de ienes — abaixo da fasquia de um bilião pela primeira vez em três anos. Também as exportações e importações recuaram, 8,3% e 11,5% respetivamente. Apesar deste cenário misto, os primeiros dados de 2025 revelam sinais positivos, com encomendas e exportações em alta. Já nos Estados Unidos, o presidente da AMT — Association for Manufacturing Technology — Douglas K. Woods, destacou o forte crescimento do consumo interno em 2024, com uma subida de 12% face ao ano anterior. Este dinamismo deve-se à procura crescente nos setores aeroespacial e de defesa, à aposta na produção doméstica (reshoring) e ao investimento estrangeiro direto. Para 2026, a expectativa é de estabilidade, ainda que com algum abrandamento nas encomendas devido a custos de financiamento elevados e riscos geopolíticos persistentes. A Índia foi outro dos destaques da EMO 2025. Segundo Jibak Dasgupta, diretor- -geral e CEO da IMTMA, o país registou um crescimento do PIB de 6,5% em 2024-25, atingindo os 4,19 biliões de dólares, com previsões de manter o mesmo ritmo até 2029. O consumo de máquinas-ferramenta atingiu 3,7 mil milhões de dólares, impulsionado sobretudo pelo setor automóvel, que representa quase metade da procura. Outros setores relevantes incluem a engenharia geral, moldes, construção e equipamentos agrícolas. “A Índia representa uma oportunidade única de colaboração e investimento internacional”, sublinhou Dasgupta. COOPERAÇÃO E INOVAÇÃO COMO RESPOSTA AOS DESAFIOS Apesar dos contrastes regionais — com a Europa e o Japão em retração, os EUA em expansão e a Índia em franco crescimento —, a EMO Hannover 2025 mostrou que a cooperação internacional e a aposta em tecnologias verdes e digitais são fundamentais para garantir a resiliência da indústria. Num setor altamente exposto às tensões comerciais e às mudanças geopolíticas, os líderes globais concordaram que a inovação, a qualificação de talentos e a adaptação às novas exigências ambientais serão determinantes para assegurar o futuro das máquinas-ferramenta e, por consequência, da manufatura mundial. n
www.sew-eurodrive.pt Com os quatro módulos integrados - software de engenharia, tecnologia de controlo, tecnologia de conversores e tecnologia de acionamentos - a SEW-EURODRIVE oferece um conceito otimizado para sistemas de automação a partir de um único fornecedor. MOVI-C® - O conceito modular para sistemas de automação. O futuro da automação. Mais exibilidade. Mais performance. SEW-EURODRIVE - Driving the World
ENTREVISTA 22 VITOR FRAGOSO, DIRETOR-GERAL DA DEIBAR "O investimento em máquinas-ferramenta modernas e em células automáticas aumenta a competitividade e oferece flexibilidade para conquistar novos mercados" Com mais de 25 anos de atividade, a Deibar é uma referência nacional na distribuição de máquinas-ferramenta de alta precisão, onde se incluem marcas de topo como Hermle, Roeders, Hyundai-WIA, Correa e Sodick. Em entrevista, o diretor-geral Vitor Fragoso destaca a importância da automação, da inteligência artificial e das soluções de fabrico híbridas para aumentar a produtividade, responder à escassez de mão de obra e reforçar a eficiência energética — pilares que, segundo o responsável, definem o futuro das fábricas inteligentes. A Deibar está no mercado das máquinas-ferramenta desde 1998. Como evoluíram estes equipamentos ao longo dos anos? Quais os principais saltos tecnológicos? De facto, a Deibar tem mais de vinte e cinco anos de experiência na distribuição de máquinas-ferramenta no mercado português e acompanhou a sua extraordinária evolução ao longo dos anos. Uma evolução marcada por saltos significativos, que acompanharam o progresso dos tempos e que as tornaram mais rápidas, precisas e fiáveis face aos desafios da nossa época. Desde o advento do CNC, na década de 1950, as máquinas- -ferramenta sofreram grandes evoluções, que resultaram nas suas atuais aptidões e funcionalidades, bem como Luísa Santos
ENTREVISTA 23 no aparecimento de novos tipos de máquinas, como, por exemplo, as máquinas multieixos. Destas, podemos destacar os tão conhecidos centros de fresagem a 5 eixos e as máquinas multitarefa, que permitem tanto a eventual fresagem como o torneamento. Estas máquinas permitem obter peças com geometrias complexas, reduzir os tempos gastos em preparação, eliminar erros e, claro, conseguir uma maior repetibilidade. Esta evolução não teria sido possível se a mecânica não a acompanhasse. Através do recurso a outras soluções nas suas estruturas, deixamos de ter apenas fundição e passamos a ter soluções com estruturas em construção soldada e em mineralite. Por outro lado, os acionamentos evoluíram imenso (com o aparecimento dos fusos de esferas e a generalização das guias lineares, por exemplo), o que permitiu maiores velocidades dos eixos, e que, em conjunto com melhores árvores, com mais precisão e muito mais rotação, garante peças com maior precisão e ciclos de produção mais curtos. E, se nos quisermos alongar mais, poderíamos ainda abordar a introdução dos motores lineares! E, atualmente, quais são as principais tendências nestas máquinas? Hoje em dia, as principais tendências encontram-se sobretudo ao nível dos acessórios à volta das máquinas-ferramenta e não tanto na sua estrutura ou componentes mecânicos. Na última década, a necessidade de uma maior produtividade, a manifesta falta de mão de obra qualificada e a busca da excelência, isto é, da repetibilidade das peças, motivaram a automação dos processos de produção, com integração de soluções com máquinas paletizadas, alimentadas por robôs, criando células automáticas com maior ou menor grau de autonomia, quer de produção, quer de capacidade de decisão face a eventuais imprevistos. Mais recentemente, a Indústria 4.0 veio permitir a monitorização em tempo real dos processos, a gestão inteligente de ordens, a afinação inteligente das máquinas e o fabrico sem papel, entre outros, o que nos leva a caminho das fábricas inteligentes. Neste percurso, a inteligência artificial surge como uma ferramenta importante que permite a otimização de processos e da manutenção preditiva baseada em dados, com recurso a diagnósticos. Adicionalmente, o desafio da eficiência energética, aliado à necessidade de componentes de grande precisão e tecnicamente exigentes, em setores como o aeroespacial, o médico, o da defesa e o dos moldes, tem vindo a trazer uma maior atenção às máquinas de 5 eixos e multitarefa. Já a integração de tecnologias aditivas e subtrativas, isto é, tecnologias híbridas, permite que um único equipamento possa produzir protótipos ou componentes finais complexos. Tal acontece através da deposição de material em camadas sucessivas e posterior subtração de zonas com exigências especificas, como, por exemplo, no acabamento de superfícies funcionais. Quais são os vossos principais setores cliente? O portefólio da Deibar inclui uma vasta gama de máquinas para fabrico de ferramentas, de moldes para injeção de plásticos, de componentes automóveis, de peças para o setor aeronáutico, médico, energético e metalomecânico geral. Para estas finalidades, saliento os centros de maquinagem Hermle e Roeders, os tornos Hyundai-WIA, as fresadoras Correa e as eletroerosões Sodick. De que forma os centros de maquinagem e a automatização ajudam a mitigar ameaças como a crise no setor automóvel e as novas as taxas impostas pelos EUA? Podemos dizer que máquinas modernas, em conjunto com a automatização, podem ajudar fortemente. Destaca-se a capacidade destas ajudarem na redução do custo por peça através da maior produtividade, visto que as células automáticas e a paletização permitem operar 24 horas, 7 dias por semana, com menos paragens e menos mão- -de-obra. Além disso, com máquinas CNC e automação, as empresas ganham uma maior capacidade de captar novos clientes, já que passam a poder satisfazer mercados de maior valor acrescentado, como o médico e aeronáutico, quando a procura na indústria automóvel diminui. Resumindo, podemos afirmar que o investimento em máquinas-ferramenta modernas e em células automáticas reduz a exposição a choques de procura, aumenta a competitividade e facilita a mudança da carteira de clientes. Que soluções oferecem as vossas representadas para colmatar a falta de mão de obra no setor? A principal solução prática que marcas como a Hermle disponibilizam são os sistemas de automação com máquinas paletizadas alimentadas por robôs, reduzindo, assim, a necessidade de operadores. Por outro lado, a disponibilização de interfaces mais intuitivas, como a Navigator GUI da Hermle, oferecida sem custo adicional para os clientes dos seus centros de fresagem, torna o controlo da máquina mais intuitivo e eficiente, o que permite reduzir a curva de aprendizagem e, claro, minimizar erros de operação. A mesma filosofia tem levado marcas, como a Roeders, a incorporar nas suas máquinas processos completares como a retificação e medição, para evitar manipulações
ENTREVISTA 24 entre processos e permitir correções, garantindo assim uma precisão superior e maior rapidez. De salientar ainda o incremento de soluções de assistência técnica remota e a intensificação da manutenção preditiva, dois fatores que ajudam a reduzir a dependência de técnicos locais e maximizam a disponibilidade dos equipamentos. Em resumo, neste campo, a tendência vai no sentido de combinar hardware com software, como resposta prática, para que as máquinas produzam mais, com menos operários qualificados. A eficiência energética é outra das preocupações do setor. Como respondem as representadas da Deibar a este desafio? Os fabricantes trabalham em dois níveis: no projeto máquina-eficiente e na otimização por software. No primeiro caso, o recurso a Elementos Finitos permite o dimensionamento mais cuidado e feito à medida das necessidades, reduzindo elementos sobredimensionados e proporcionando, consequentemente, menor consumo de energia. Também a utilização de motores mais eficientes e a otimização de ciclos permitem uma redução dos tempos mortos. Por seu lado, a otimização por software maximiza o desempenho das máquinas e resulta na redução dos desperdícios de tempo e energia, através de módulos digitais e do ajuste inteligente dos parâmetros de funcionamento. Funcionalidades como arranques parciais, modos de funcionamento ‘eco’ e otimização de percursos também contribuem para uma utilização mais eficiente dos recursos, garantindo tempos de ciclo mais curtos, menor consumo energético e maior sustentabilidade da produção. Tudo isto é conseguido, sem nunca comprometer a precisão e a fiabilidade do processo. As vossas máquinas já incorporam ferramentas de IA nas soluções que oferecem? As máquinas Hermle dispõem de módulos digitais que usam análises avançadas de diagnóstico da árvore e manutenção preditiva — funcionalidades que, em termos práticos, são baseadas em algoritmos de ‘machine-learning’ e ‘analytics’, isto é, algoritmos de otimização e previsão. A Hermle tem um portefólio de ‘digital modules’ para operação, produção e serviço que implementa estas capacidades. Por seu lado, as máquinas da Sodick, quer as EDM de fio, quer as de penetração, incorporam sistemas que analisam em tempo real as condições de descarga elétrica e ajustam automaticamente parâmetros de faísca, tempo de pulso e avanço — otimizando a velocidade de erosão e o acabamento da superfície. As tecnologias de fabrico aditivo também fazem parte do vosso portefólio? Sim. Temos o exemplo da Hermle, que desenvolveu o MPA (Metal Powder Application), um processo cinético para deposição de metal (cold-spray style) integrado, com capacidade de fresagem. Por outras palavras, trata-se de uma solução híbrida, de adição e subtração, pensada para peças com canais complexos e novas geometrias. Já as soluções de fabrico aditivo da Sodick passam por máquinas híbridas da série OPM, que utilizam tecnologia de laser para fusão de pó metálico (Laser Powder Bed Fusion - PBF) e que integram a fresagem de alta velocidade para acabamento das peças. Além disso, temos também as máquinas da série LPM, focadas em alta performance e confiabilidade, que utilizam materiais metálicos e que apresentam um sistema de reciclagem de material (Material Recycling System - MRS), facilitando a troca de materiais durante o processo de impressão. Entre os vossos setores cliente, além da indústria de moldes, há algum que se destaque pelo número crescente de encomendas? Tendencialmente, os setores aeroespacial e médico mantêm o crescimento em pedidos de máquinas de precisão. O setor das energias renováveis também tem picos pontuais de procura para componentes específicos. A Deibar vai estar na próxima Moldplas? A Deibar tem um histórico de participação na Moldplas; no entanto, este ano não estará presente. A proximidade temporal da EMAF, realizada em maio passado, e também da Expometal, há cerca de um ano, levou-nos a optar por não participar nesta edição. Para a dimensão do mercado nacional, consideramos que há um número excessivo de feiras num curto espaço de tempo, o que torna difícil justificar nova presença. Além disso, os custos e a logística associados à participação são significativos, sobretudo porque a Deibar habitualmente expõe vários equipamentos. Foi o caso da última EMAF, onde apresentámos diversas máquinas, entre as quais uma fresadora de ponte Correa, com 4 metros de curso longitudinal, e um centro demaquinagem Hermle de 5 eixos, com capacidade para 1.500 kg. n Com máquinas CNC e automação, as empresas ganham uma maior capacidade de captar novos clientes, já que passam a poder satisfazer mercados de maior valor acrescentado
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